segunda-feira, outubro 30, 2006

Tecnologia na Educação


Vivemos hoje sob a influência de um processo no qual novas tecnologias se destacam, causando profundas alterações na sociedade em que vivemos. A enorme velocidade com que se desenvolve a tecnologia torna difícil determinar seus rumos, sua qualidade e suas aplicações educativas1.
A escola oscila entre o ensino conservador e a aprendizagem mais liberal (Hirsch, 1996). Porém, ela raramente é radical, no sentido de propor o fim da escola – exceção de Perelman (1992), que propõe a substituição da escola por novos mecanismos de aprendizagem, utilizando a tecnologia de redes de computadores2
Desde o momento da aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em 1948, já se produz a resposta educativa. Por um lado, porque o direito à educação consta do corpo da própria Declaração (artigo 26); por outro, porque, conforme estabelece o preâmbulo, a implementação dos Direitos Humanos está vinculada à intervenção educativa. Assim, a escola e o professorado são convocados a exercer seu papel chave na divulgação e defesa dos Direitos Humanos.
Lamentavelmente, a história da Declaração dos Direitos Humanos é uma história de violações e transgressões em escala mundial, porém é preciso advertir que esta história cheia de frustrações é mais grave em países como o Brasil onde a exclusão social, a pobreza, a fome e a desnutrição, tornam extremamente dramáticas e dolorosa a situação para a maior parte de sua população.
Para transformar a educação é preciso começar pela metamorfose de nossas próprias idéias de exclusão e da discriminação social. Elas estão demasiadamente apegadas a uma idéia ideológica do politicamente correto. As condições de possibilidade das ciências do homem permitiram a construção da idéia de homem e de suas possibilidades de ser objeto de conhecimento.
A escola como instituição é a raiz transformadora dos modos de reconstrução a compreensão do mundo, e a evolução técnico científica está potencialmente habilitada para efetuar processos de inclusão. O bloqueio fornecido pelas políticas públicas educacionais é a causa principal da continuidade das condições de exclusão social
A escola e sua concepção educacional baseada em um modelo de escolarização baseados na máquina estatal leva a uma profunda crise que se não for superada continuaremos em sociedades fechadas para as diferenças. Cabe, portanto, pensar no conjunto de medidas que se deve considerar imprescindíveis tomar a fim de conseguir saídas superadoras da crise (terminal) de um modelo educacional já falido. Creio que o fracasso pode ser superado e desde essa instância transformadora começar a pensar condições de possibilidades de uma inclusão educacional ou de uma educação inclusiva.
Um ensino de qualidade, portanto, não exclui nem categoriza os alunos, arbitrariamente definidos por perfis de avaliação padronizados. As escolas de qualidade educacional são inclusivas e permitem que os integrantes delas apoiem-se reciprocamente; e suas necessidades específicas são atendidas por seus pares. Em cada classe, os talentos se mesclam e as estórias de vida também. Para produzir entre todos uma visão e uma compreensão do mundo interdisciplinariamente alcançada3.
Os alunos têm sérias dificuldades de aprender se não contam com a ajuda de mediadores profissionais, podem ficar à deriva, sem conseguir explorar todas as suas possibilidades sensitivo-cognitivas.
Inclusão educacional faz referência a todos os mecanismos com que se possa tratar de eliminar os obstáculos para um acesso de todos à educação sem modelos pré-definidos, apostando os próprios aportes dos que precisam de inclusão na escola, como ponte para a inclusão social. A inclusão educacional que não aponte para a sociedade é, no fundo, uma forma camuflada de exclusão, uma exclusão reforçada3.
A mudança pedagógica inclusiva que todos almejam é a passagem de uma Educação totalmente baseada na transmissão da informação, na instrução, para a criação de ambientes de aprendizagem nos quais o aluno realiza atividades e constrói o seu conhecimento. Essa mudança acaba repercutindo em alterações na escola como um todo: na sua organização, na sala de aula, no papel do professor e dos alunos e na relação com o conhecimento.
O profissional deverá ser um indivíduo crítico, criativo, com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo, de utilizar os meios automáticos de produção e disseminação da informação e de conhecer o seu potencial cognitivo, afetivo e social. Certamente, essa nova atitude é fruto de um processo educacional, cujo objetivo é a criação de ambientes de aprendizagem em que o aprendiz vivencie essas competências. Elas não são passíveis de serem transmitidas, mas devem ser construídas e desenvolvidas por cada indivíduo.
Assim, os desafios da nova Educação são: como propiciar essa formação? Que alterações são necessárias para constituir um ambiente no qual o aluno possa adquirir as habilidades necessárias para atuar na sociedade? Qual é o papel do professor nesse ambiente de aprendizagem? Qual é o papel das novas tecnologias no processo educacional2?
Criação de um curso de capacitação e formação de agentes pedagógicos aptos para ajudar a organização dos excluídos e contribuir para o estabelecimento de novas bases de integração social, política e institucional, tudo tendo como meta maior o estabelecimento de bases para um Brasil integrado.
Uma proposta curricular que atenda as necessidades de formulação de novas bases, educação de qualidade para todos, desenvolvimento de um programa de inclusão educacional para um Brasil integrado3.
Ao professor, portanto, cabe cumprir essas normas e ter certeza de que o conteúdo está sendo passado aos alunos de maneira precisa, objetiva e equânime. Do aluno, espera-se que seja capaz de assimilar essa informação molecular, integrá-la, transformá-la em conhecimento passível de ser aplicado na resolução de problemas do mundo real2.
O advento da educação em massa foi fundamental para passarmos de uma educação artesanal, custosa e, portanto, restrita a um segmento muito pequeno da sociedade. No entanto, ela está se mostrando ineficiente, com grandes desperdícios, colocando no mercado um profissional com baixa qualidade, incapaz de agir e sobreviver na sociedade do conhecimento.
Se quisermos continuar a democratizar ainda mais a educação e adequá-la aos novos tempos, a informática deverá assumir duplo papel na escola. Primeiro, deverá ser uma ferramenta para facilitar a comunicação entre profissionais dentro do ambiente da escola e os pesquisadores ou consultores externos, propiciando a presença virtual desse sistema de suporte dentro da escola. Em outros momentos, a informática poderá ser usada para suportar a realização de uma pedagogia que proporcione a formação dos alunos, possibilitando o desenvolvimento de habilidades que serão fundamentais na sociedade do conhecimento2.
O aluno deverá usar o computador para realizar tarefas, e isto não é indicação de que ele compreendeu o que fez. A qualidade da interação aprendiz-objeto, descrita por Piaget, é particularmente pertinente no caso do uso da informática e de diferentes softwares educacionais. Do mesmo modo que não é o objeto que leva à compreensão, não é o computador que permite ao aluno entender ou não um determinado conceito. A compreensão é fruto de como o computador é utilizado e de como o aluno está sendo desafiado na atividade de uso desse recurso.
ao analisar a capacitação de recursos humanos em informática educativa, estabelece distinção entre cursos de treinamento e cursos de formação. No treinamento, adiciona-se alguma técnica ou conhecimento à técnica que o profissional já dispõe, isto não implicando, necessariamente, em mudança de atitudes ou de valores. Este é o caso do professor que é treinado para usar uma nova tecnologia, mas cuja atuação em sala de aula praticamente não se modifica. Na formação, deve-se, ao menos, propiciar meios para que haja uma mudança na forma do professor "ver a sua prática, entender o processo de ensino-aprendizagem e assumir uma nova postura como educador"1.
No último dia da 58ª Reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), o Secretário de Educação a Distância do MEC (Ministério da Educação), Ronaldo Mota, apresentou a palestra Tecnologias de informação e comunicação aplicadas à Educação - UAB (Universidade Aberta do Brasil), Segundo Mota, a UAB vai trabalhar com quatro mídias integradas, cada uma coordenada por uma universidade: rádio e TV pela UFC (Universidade Federal do Ceará), Impresso pela Ufal (Universidade Federal de Alagoas), Informática pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e Conceitual pela UnB (Universidade de Brasília). Os 100 mil professores da UAB trabalharão com a visão de mídias integradas, não só no sentido de saber como usá-las, mas como autores de conteúdos adaptados a cada uma delas.
O ministro aproveitou o espaço para lembrar de uma triste realidade no país - que, quem sabe, a UAB possa reverter um dia: cerca de 25 mil professores no Brasil não têm nível médio. "Além disso, cerca de 350 mil professores da educação básica não tem nível superior exigido pela lei, outros 350 mil têm curso superior, mas atuam em disciplinas que não tem a ver com sua formação. Ou seja: um milhão de professores brasileiros têm grandes fragilidades em sua formação", lamentou4.

Bibliografia
1. Leite, Ligia Silva; Silva Christina Marília Teixeira da. A Sociedade Conectada: Caminhos para a Formação de Professores. Disponível em:
http://www.cederj.edu.br/extensao/plataforma/cursos/175254/95258/biblioteca/Textos/mod1socconecta.pdf. Acessado em: 03/07/02006
2. Valente, José Armando e col. O Computador na Sociedade do Conhecimento. Disponível em:
http://www.cederj.edu.br/extensao/plataforma/cursos/175254/95258/biblioteca/Textos/mod1mudancas.pdf. Acessado em: 03/07/ 2006.
3. Warat, Luis Alberto. Educação, Direitos Humanos, Cidadania e Exclusão Social: Fundamentos preliminares para uma tentativa de refundação. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/educacaodireitoshumanos.pdf. Acessado em: 25/ 07/2006
4. Semerene,Bárbara. Raio-x da Universidade Aberta do Brasil. Publicado em 21/07/2006 Disponível em: http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=11680. Acessado em: 28/ 07/ 2006

Nenhum comentário: